quinta-feira, 24 de junho de 2010

Estrutura da Educação


Teoria Freiriana

A educação na visão de Paulo Freire deve realizar-se como prática da liberdade. Os caminhos da libertação só estabelecem sujeitos livres e a prática da liberdade só pode se concretizar numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.
Considerando a educação como prática da liberdade, o ensinar deixa de ser uma simples transferência de “conteúdo” ao aluno passivo e, dessa forma, considera-se – e não se subestima – os saberes de experiência, o saber de senso comum, o saber popular.
Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. Ao propor uma sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela maioria das escolas (“escolas burguesas”), que ele qualificou como “educação bancária”. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, o saber é visto como uma doação dos que julgam seus detentores trata-se segundo ele, de uma escola alienante. Criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber, pois, para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos.
Segundo o pensador, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. Para ele, “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”. Seu princípio fundamental era: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando a cultura que não é melhor nem pior do que a do professor, e em sala de aula, os dois aprenderão juntos, um com o outro – e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar.
O mundo que nos rodeia é um mundo inacabado e isso implica a denúncia da realidade opressiva, da realidade injusta, inacabada e, consequentemente, a crítica transformadora, portanto, o anúncio de outra realidade. O anúncio é a necessidade de criar uma nova realidade. Essa nova realidade é a utopia do educador.
Embora o pano de fundo para Paulo Freire seja o Brasil, a sua filosofia de educação é um clamor universal em favor da esperança para todos os membros da raça humana oprimida e descriminada. Neste sentido, afirma que qualquer iniciativa de alfabetização só toma dimensão humana quando se realiza a “expulsão do opressor de dentro do oprimido”, como libertação da culpa (imposta) pelo “seu fracasso no mundo”.

O método Paulo Freire

Não é possível se falar da compreensão de educação de Paulo Freire sem nos referirmos ao seu “Método de Alfabetização”. Esse vai além da simples alfabetização. Propõe e estimula a inserção do adulto iletrado no seu contexto social e político, na sua realidade, promovendo o despertar para a cidadania plena e transformação social. É a leitura da palavra, proporcionando a leitura do mundo.

Educação / Alfabetização de Adultos
[1]

O método de alfabetização de Paulo Freire é resultado de muitos anos de trabalho e reflexões de Freire no campo da educação, sobretudo na de adultos em regiões proletárias e subproletárias, urbanas e rurais. No processo de aprendizado, o alfabetizando é estimulado a articular sílabas, formando palavras, extraídas da sua realidade, do seu cotidiano e das suas vivências. Nesse sentido, vai além das normas metodológicas e lingüísticas, na medida em que propõe aos homens e mulheres alfabetizandos que se apropriem da escrita e da palavra para se politizarem, tendo uma visão de totalidade da linguagem e do mundo. O método Paulo Freire estimula a alfabetização/educação dos adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si, os participantes da mesma experiência, através de tema/palavras geradoras da realidade dos alunos, que é decodificada para a aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo.[2]


Estrutura do Método
[3]

1) Investigação: aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais.
2) Tematização: codificar decodificar os temas, buscando o seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido.
3) Problematização: aluno e professor buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido.


Execução do Método

► Levantamento do universo vocabular dos grupos com quem se trabalhará. Essa fase se constitui num importante momento de pesquisa e conhecimento do grupo, aproximando educador e educando numa relação mais informal e, portanto mais carregada de sentimentos e emoções. É igualmente importante a anotação das palavras da linguagem dos componentes do grupo.

► Escolha das palavras selecionadas do universo vocabular pesquisado. Esta escolha deverá ser feita sob os critérios: a) da sua riqueza fonética; b) das dificuldades fonéticas, numa seqüência gradativa das menores para as maiores dificuldades; c) do teor pragmático da palavra, ou seja, na pluralidade de engajamento da palavra numa dada realidade social, cultural, política etc.

► Criação de situações existenciais típicas do grupo com quem se vai trabalhar. São situações desafiadoras, codificadas e carregadas dos elementos que serão decodificados pelo grupo com a mediação do educador. São situações locais que, discutidas, abrem perspectivas para a análise de problemas locais e regionais.

► Elaboração de fichas-roteiro que auxiliem os coordenadores de debate no seu trabalho. São fichas que deverão servir como subsídios, mas sem uma prescrição rígida a seguir.

► Elaboração de fichas para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes aos vocábulos geradores. Formação de novas palavras através das palavras decompostas.
As escolas segundo Paulo Freire

A Educação Popular é uma educação comprometida e participativa orientada pela perspectiva de realização de todos os direitos do povo. Não é uma educação fria e imposta, pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diálogo. Não é “Educação Informal” porque visa a formação de sujeitos com conhecimento e consciência cidadã e a organização do trabalho político para afirmação do sujeito. É uma estratégia de construção da participação popular para o redirecionamento da vida social. A principal característica da Educação Popular é utilizar o saber da comunidade como matéria prima para o ensino. É aprender a partir do conhecimento do sujeito e ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele. A Educação é vista como ato de conhecimento e transformação social, tendo um certo cunho político. O resultado da desse tipo de educação é observado quando o sujeito pode situar-se bem no contexto de interesse. A educação popular pode ser aplicada em qualquer contexto, mas as aplicações mais comuns ocorrem em assentamentos rurais, em instituições sócio-educativas, em aldeias indígenas e no ensino de jovens e adultos.

As escolas segundo Paulo Freire tem como base:

1. Multiculturalismo: a garantia do resgate e aproveitamento da cultura local ou regional no ensino escolar.

2.Transversalidade: temas como ética, meio-ambiente, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo são incorporados nas áreas de estudos ou disciplinas das grades curriculares.

3. Interdisciplinaridade: todas as disciplinas, áreas de estudos e práticas educativas trabalhando numa direção temática.

4. Alquimia do conhecimento: o currículo pensado a partir de diferentes competências, ou seja, do cognitivo para o relacional, incluindo a parte emocional e a afetiva.

Paulo Reglus Neves Freire, destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial[1], tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.
Em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo
João Goulart.

Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Base (CEB).

A pedagogia libertadora, também denominada pedagogia da libertação, faz parte dos postulados centrais de Paulo Freire, a qual é conhecida e pesquisada em diversas universidades ao redor do mundo. A Pedagogia Libertadora utiliza "temas geradores", ou seja, os alunos são alfabetizados com as palavras que usam no dia-a-dia, sempre associando o processo de alfabetização com a vida.

Paulo Freire na Atualidade - Educação de Jovens e Adultos

A concepção educacional freireana centra-se no potencial humano para a criatividade e a liberdade no interior de estruturas político-econômico-culturais opressoras. Ela aponta para a descoberta e a implementação de alternativas libertadoras na interação e transformação sociais, via processo de "conscientização".

"Conscientização" foi definida como o processo no qual as pessoas atingem uma profunda compreensão, tanto da realidade sócio-cultural que conforma suas vidas, quanto de sua capacidade para transformá-la. Ela envolve entendimento praxiológico, isto é, a compreensão da relação dialética entre ação e reflexão. Freire propõe uma abordagem praxiológica para a educação, no sentido de uma ação criticamente reflexiva e de uma reflexão crítica que seja baseada na prática. O ponto central do processo de aquisição da leitura e escrita dos educandos das classes de jovens e adultos permeia na utilização da cartilha. Desta forma, há uma contribuição para um repensar do educador que atua nas classes de EJA, fazendo-o refletir sobre a sua prática pedagógica.

Portanto, Paulo Freire dá início a trabalhos com iniciativas populares, quando decide organizar, juntamente com paróquias católicas, projetos que abrangem desde o jardim de infância até à educação de adultos, objetivando o desenvolvimento do currículo e a formação de professores. O resultado desse trabalho foi partilhado com outros grupos: técnicas como estudo em grupo, ação em grupo, mesas redondas, debates e distribuição de fichas temáticas eram praticados nesse tipo de trabalho.

Foi a partir do desenvolvimento desse projeto que se começou a falar de um sistema de técnicas educacionais, o "Sistema Paulo Freire", que podia ser aplicado em todos os graus da educação formal e da não-formal. Mais tarde, nas décadas de 70 e 80, no seu trabalho em alfabetização, um elemento do sistema foi interpretado sob a denominação "Método Paulo Freire" e "conscientização" como um passe-partout para a revolução. Por essa razão, Paulo Freire parou de usar essas expressões, enfatizando o caráter político da educação e sua necessária "reinvenção" em circunstâncias históricas diferentes.

Em 1960, Paulo Freire, trabalhando como coordenador dos projetos de educação de adultos, apóia a criação do Movimento de Cultura Popular (MCP), mas, infelizmente, militantes católicos, protestantes e comunistas interpretam suas tarefas educativas de modo diferente e criam uma cartilha de alfabetização de adultos, escolhendo uma diretriz política de abordagem. Paulo Freire foi contra essa prática, pois a mesma consistia no ensino de mensagens prontas aos analfabetos, a fim de manipulá-los.

Ele estava convencido da capacidade inata das pessoas, pois já fizera experiências nos domínios visual e auditivo enquanto elas aprendiam a ler e a escrever. Contudo, ainda assim faltava o estímulo com que Freire poderia evocar o interesse pelas palavras e sílabas em pessoas analfabetas. Faltava a "consciência" dos termos individuais. Com a criação do Movimento de Cultura Popular (MCP), Paulo Freire passou a ser um dos seus líderes mais atuantes. Como ocorria na prática dos "Projetos" do MCP, o Projeto de Educação de Adultos desdobrava-se em outros programas ou projetos de menor amplitude.

O "método" teve um irresistível sucesso em todo o Brasil. Era possível agora tornar os iletrados em alfabetizados e conscientes dos problemas nacionais. Reformistas e revolucionários de esquerda investiram em Freire, e em sua equipe, que logo se encarregou de implementar o Plano Nacional de Alfabetização (1963). Dinheiro surgia de todas as fontes e, dentre elas, destacavam-se o escritório regional da Aliança para o Progresso de Recife, os governos reformistas do Nordeste e o Governo Federal populista de João Goulart.

Há décadas que se buscam métodos e práticas adequadas ao aprendizado de jovens e adultos, como por exemplo, com Paulo Freire: “Por isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador e que identificasse, como claramente observou um jovem sociólogo brasileiro (Celso Beisiegel), o conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem. Por essa razão, não acreditamos nas cartilhas que pretendem fazer uma montagem de sinalização gráfica como uma doação e que reduzem o analfabeto mais à condição de objeto de alfabetização do que de sujeito da mesma”. (FREIRE, 1979, p. 72)

Com isso, notamos que desde os anos 70, ou até mesmo antes, o uso da cartilha e metodologias inadequadas na educação de jovens e adultos preocupavam os educadores da época e, infelizmente, essa problemática permeia os tempos atuais: que a educação seja o processo através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma, acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências de sua escolha.

Hoje, como ontem, as posições de Paulo Freire com respeito à busca de novas práticas educativas ganham força e nos levam a refletir: “alfabetização é a aquisição da língua escrita, por um processo de construção do conhecimento, que se dá num contexto discursivo de interlocução e interação, através do desvelamento crítico da realidade, como uma das condições necessárias ao exercício da plena cidadania: exercer seus direitos e deveres frente à sociedade global”. (FREIRE, p. 59, 1996).

A aquisição do sistema escrito é um processo histórico. Segundo Paulo Freire (1996) “o sistema escrito é produzido historicamente pela humanidade e utilizado de acordo com interesses políticos de classe. O sistema escrito não é um valor neutro”. (p. 59).

Ainda segundo Freire (1996) “a alfabetização não pode ser reduzida a um aprendizado técnico-linguístico, como um fato acabado e neutro, ou simplesmente como uma construção pessoal intelectual. A alfabetização passa por questões de ordem lógico-intelectual, afetiva, sócio-cultural, política e técnica”. (p. 60)

Essa reflexão leva-nos a buscar novas metodologias, adequadas à realidade do educando, não seguindo a padronização da cartilha que reduz o aprendizado a símbolos pré-determinados e que não condizem com o contexto: “As cartilhas não consideram a peculiar lógica do desenvolvimento cognitivo do aluno, apoiando-se tão-somente na lógica do sistema de escrita de ensinar”. (FUCK, p. 14, 1994)

O papel do educador é mediar a aprendizagem, priorizando, nesse processo, a bagagem de conhecimentos trazida por seus alunos, ajudando-os a transpor esse conhecimento para o "conhecimento letrado". A escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade. (FERREIRO, 2001, p. 43)


MST: Movimento dos sem terra

O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra, utilizam uma pedagogia comparada com a pedagogia libertadora desenvolvida por Paulo Freire demonstrando as influências e contribuições freiriana para o Movimento. Freire teve como maior objetivo transformar a educação em um mecanismo de conscientização do sujeito, a favor de sua própria libertação.

A proposta de Freire é que a educação dentro da sala de aula possa desenvolver no aluno a criticidade, a consciência política e a inquietação em relação ao meio em que está inserido. Pensar o método freiriano de educação deve ter como eixo a consciência de que ensinar não é transmitir saberes, considerando que cada sujeito é portador de seus saberes. A missão do educador é possibilitar que o educando produza seu próprio conhecimento a partir da sua leitura de mundo, contudo o educador não deve abandonar sua função que é a de proporcionar ao educando um “caminho” por onde este deve seguir partindo de sua consciência própria.

O conceito de educação proposto por Paulo Freire ganha força principalmente em meio aos movimentos sociais, e será adotado como um mecanismo de libertação do sujeito e uma forma de conscientização e formação de militantes destes movimentos.

Freire discute que deve-se proporcionar ao sujeito a percepção de sua realidade, do meio em que esta inserido, reconhecendo-se como oprimido, conscientizando-se desta condição e a partir disso buscar a libertação e a mudança, sem, contudo evitar o conflito com o opressor.

Desta forma, podemos dizer que a contribuição freiriana no que tange a educação pode ser aplicada, em alguns casos, nos movimentos sociais, como o MST, que adota uma pratica educacional em que suas crianças estudam para ser Sem Terra. Este sujeito é formado de acordo com a realidade que o cerca, e consciente do seu papel dentro do movimento. Trata-se de uma Educação para liberdade, considerando que estes sujeitos estão sendo formados para a defesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, é o método educacional adotado que ira formar estes sujeitos aptos a questionarem uma ordem instalada percebendo-a enquanto opressora, para assim liberta-se. Mesmo que inconscientemente, o Movimento Sem Terra acaba por adotar a pedagogia de Freire quanto torna sua escola um espaço próprio e individual onde os sabres de educando e educadores se juntam na construção de um movimento próprio e autônomo que se apropria da educação para fortalecer suas lutas e preparar para a liberdade.

A pedagogia que o movimento adota tem por função alem da libertação a construção de um sujeito próprio do Movimento. Tomar a luta da terra com um eixo central, torna o modelo de educação coletivo, considerando que esta luta seja de todo sujeito envolvido com o movimento, sendo assim, partimos de uma formação individual para uma construção de um sujeito a partir do que lhe é coletivo, o que condiz diretamente com a pedagogia freiriana que considera o individuo como uma criação cultural coletiva, ou seja, do meio em que atua.

A contribuição de Freire para a construção de uma escola no seio do Movimento, não está restrita somente no que tange uma identidade coletiva, mas incentiva o educando a assumir-se enquanto Sem Terra. A partir desta assunção é que surgiria o que podemos tratar de consciência de classe, a qual estará presente no processo do fazer-se Sem Terra a partir do momento que o sujeito se reconhece e assume seu papel dentro do Movimento. Este processo de reconhecimento do ser Sem Terra ocorre dentro do Movimento, e dentro da escola, a partir da educação que lhe é oferecida e da pedagogia adotada na formação deste Sem Terra. Para Caldart (2004), o sentido educativo dos Sem Terra está na experiência humana do Movimento. Esta experiência é que serve de exemplo e de força motriz para o educando Sem Terra assumi-se. A assunção do sujeito é que ira formar sua identidade.

Percebe-se desta forma que mesmo que o próprio Movimento não perceba a contribuição de Freire, mesmo sendo esta hipótese remota, a pratica educativa deste Movimento, passeia pelas teorias e modelo pedagógico deixado por Paulo Freire. Pode-se considerar que o MST, como Movimento historicamente construído faz-se portados de uma Pedagogia própria acordada com sua realidade, causas e bandeiras de luta, entretanto esta pedagogia, pode ser comparada ao legado freirano uma vez que obedece o uso da educação como uma arma contra um sistema que oprime.

Sendo assim temos uma contribuição indiscutível da Pedagogia Freiriana, para a construção de uma Pedagogia singular do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra. Este Movimento assume seu papel na construção e formação de seus sujeitos e em defesa de suas causas, valendo-se da sua educação e de uma proposta pedagógica própria como principal mecanismo para ao fortalecimento do Movimento, sem, contudo dissociar esta pedagogia própria da contribuição do grande defensor da Educação como Libertadora, o autor Paulo Freire.

Dialogando sobre Paulo Freire[4]

Paulo Freire teve uma importante contribuição para o Estudo do Currículo, mas nos anos 80 a teoria crítico-social dos conteúdos faziam uma dura crítica a obra de Paulo Freire como:

►Ficar fechada numa cultura popular.
►Promover uma educação paralela à oficial e não valorizar devidamente a teorização, uma vez que a própria prática passaria a fornecer a referência teórica para o pensamento.

Tomaz Tadeu e Silva colocou Paulo Freire como teórico do currículo devido a idéia de Freire de Educação Bancária. Apesar de Silva vê Paulo Freire como mais um mero crítico da educação tradicional. Diz que busca superar o verbalismo, a narrativa e a dissertação vazias, típicas do currículo tradicional, mas além da crítica, diz que Paulo Freire propõe alternativas concretas da ação educativa.

De acordo com Saviani (1991, p.73,76) a educação popular pecou não apenas por ser alternativa à educação formal, mas, por circular unicamente entre a cultura popular, nega o acesso a conhecimentos socialmente mais amplo e capazes de emancipar a população de sua condição de povo oprimido. Para Saviani, os conteúdos universais são um pré-requisito e reação das classes populares às situações de opressão que vivem desde há muito tempo atrás.

Giroux é um dos autores que conseguem fazer a ponte entre o pensamento de Paulo Freire e as questões atuais do currículo.

Referências Bibliográficas

BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte & Ciência, 1998ING, Luiz Alberto. "Contribuição de Paulo Freire ao Estudo do currículo". in CENTRO PEDAGÓGICO PEDRO ARRUPE.Disponível em: http :// ww w.pe droarrupe.com.br/upload /Contribu i%C3%A 7%C3% A 3 o % 20 de % 20 Paulo %20Freire.pdf..Acesso:25/06/2010.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues (editor). O que é método Paulo Freire. São Paulo, Brasiliense, 1981.

BRITO, Nilza Bispo; FRANÇA, Jene Marcia Coelho Barros; NASCIMENTO, Priscila Brasileiro Silva; PEREIRA, Cremilda Rodrigues. MST: A Pedagogia Freiriana a favor da Formação do Sem Terra. Disponível em:
www.pedagogiaemfoco.pro.br/jovens01.html. Acesso em: 25.06.2010.

CALDART. Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra. Expressão Popular, São Paulo, 2004.
CAMPOS, Judas Tadeu de. Paulo Freire e as novas tendências da Educação. Revista e-curriculum, PUCSP-SP, vol.3 número 1, dezembro de 2007.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. Tradução Horácio Gonzales et al., 24. ed. Atualizada. São Paulo: Cortez, 2001.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

______. A experiência do MOVA. SP/ Brasil. Ministério da Educação e Desporto. Instituto Paulo Freire; Organização de Moacir Gadotti. São Paulo, 1996.

FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma experiência construtivista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

GALVÊAS, Elias Celso. Paulo freire e o método de alfabetização de adultos. Disponível em: Acesso em: 29/06/2010.

Projeto Memória 2005> Acesso em 29/06/2010.

ROCHA, Halline Fialho da; KARL, Helena de Azevedo; VEIGA, Marise Schmidt e GUIMARÃES, Michele. As Práticas Educativas na Educação de Jovens e Adultos. Petrópolis, 2002.

[1] Fonte: www.projetomemoria.art.br
[2] Fonte: www.projetomemoria.art.br
[3] Fonte: www.projetomemoria.art.br
[4] Fonte: BOING, Luiz Alberto. "Contribuição de Paulo Freire ao Estudo do currículo". in centro pedagógico pedro arrupe.Disponível em: http://www.pedroarrupe.com.br/upload /Contribu i%C3%A 7%C3% A 3 o %20de%20Paulo%20Freire.pdf

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